29 de março é o aniversário de emancipação da capital do Paraná. Curitiba, cidade que nasceu a partir do pinhão, das araucárias e se tornou uma das capitais referência no mundo em diversos rankings, como qualidade de vida, transporte público, cultura e tecnologia.
Batizada inicialmente de Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, pertenceu a Capitania de São Paulo e ganhou o nome de Curitiba a partir dos Tupis-guaranis, moradores bem anteriores aos colonizadores. "Muitos pinheirais, pinhões" era a expressão kur yt yba. Considera-se Curitiba como Curitiba a partir da criação da Câmara Municipal, em 29 de março de 1693.
![]() |
A Catedral de Nossa Senhora da Luz é referência histórica, junto ao marco zero da cidade |
Apenas em 1853 Curitiba se emancipou e passou a ser a capital do estado do Paraná, atraindo imigrantes de muitos países. Alemães, franceses, suíços, poloneses, italianos, ucranianos, japoneses, espanhóis e muitas outras nacionalidades deram a Curitiba o estilo peculiar de sua gente, que usa penal na escola, toma café com leiteee quenteee, come vina no hot dog e usa japona com guarda chuva e camiseta, para enfrentar as quatro estações em um dia. Gente que batalha, produz e faz a cidade.
Faz e usa, pois é impossível não ter que disputar espaço nos parques aos finais de semana. E não são poucos parques, cada um com estilo próprio, muita natureza e muitas vezes aproveitando espaços que estariam abandonados, caso do Parque Tanguá, que revitalizou uma pedreira para transformar em um dos cartões postais mais fotografados da cidade.
![]() |
Mirante no Parque Tanguá |
Outra pedreira virou o maior palco de shows da cidade. A Pedreira Paulo Leminski já recebeu lendas da música como Paul McCartney, David Gilmour, Ramones, AC/DC, Black Sabbath, Guns and Roses, Bon Jovi, José Carreras, Pearl Jam e David Bowie. Junto a pedreira está a Ópera de Arame, outro símbolo da vanguarda curitibana. E dá para ir de ônibus, pois a cidade é uma referência em transporte, com o sistema integrado e as canaletas de circulação exclusiva existentes desde os anos 70. Em fins dos anos 80 chegaram as estações tubo, os "Ligeirinhos" e o primeiro projeto brasileiro de biarticulado, nascido em Curitiba através da fábrica da sueca Volvo. Hoje o modelo se espalhou pelo mundo e deu origem a uma nova categoria de transporte público: o BRT.
![]() |
O primeiro biarticulado do Brasil é curitibano, foi lançado em 1992, mas ainda na década de 70 a cidade já inovava, ao criar as canaletas exclusivas e, posteriormente, o sistema expresso integrado. |
A cultura é uma das grandes vedetes de Curitiba. Berço de nomes como Paulo Leminski, Dalton Trevisan, Tony Ramos, Ary Fontoura, Dinho Ouro Preto (sim, ele!!) e muitos outros artistas de renome, Curitiba respira cultura em seus diversos museus, parques e um dos maiores festivais de teatro do Brasil. Claro, Curitiba também é palco para personagens impressionantes, como o Oil Man. E pode falar dele na Boca Maldita, não tem problema nenhum... enquanto isso ele pedala!
![]() |
Se você foi a Curitiba e não viu o Oil Man, você não esteve completamente em Curitiba... |
Porém, nem tudo são flores, como as que existem no Relógio das Flores, no Largo da Ordem. Curitiba, com a projeção mundial que teve a partir dos anos 80 e 90, passou a experimentar um inchaço populacional que não conseguiu dar conta. Bairros e favelas cresceram de forma desordenada e a criminalidade aumentou. Especulações imobiliárias pressionam bairros outrora tranquilos e o trânsito apresenta gargalos complicados de desafogar. Mesmo o tão referenciado transporte público hoje passa por graves questões como superlotação, sucateamento da frota e problemas financeiros envolvendo as empresas concessionárias e o poder público. Provincianismos na política também contribuíram para agravar problemas que a cidade tem hoje...
São os grandes desafios que a cidade precisa enfrentar para voltar a ser a referência em qualidade de vida, em especial para a sua população. Curitiba, aos 324 anos, deve se reinventar e ainda tem muito a crescer. Porém, que seja de forma saudável e planejada, como o grande olho que observa a cidade no Museu Oscar Niemeyer.